Nuno
Prates *
Comunicação apresentada nas Jornadas Autárquicas (1)
O
território de Alpiarça tem ocupação humana desde o Paleolítico Inferior, há
mais de 100 mil anos, temos como exemplo os sítios arqueológicos do Vale do Forno.
Esta
ocupação estende-se pelos períodos históricos seguintes com grande destaque
para Bronze Final, que pelas práticas funerárias, associadas ao espólio desses
povos deram um grande destaque à nossa arqueologia a Cultura de Alpiarça
(recipientes cerâmicos de engobe acinzentado onde eram guardadas as cinzas dos
mortos) é mundialmente conhecida.
Documentam
esta importância os sítios arqueológicos do Alto do Castelo, Cabeço da Bruxa e as Necrópoles do Meijão e do
Tanchoal.
Uma das
primeiras referências escritas que se conhece do termo Alpiarça data de 1295, nas Inquirições do rei D. Dinis, escrevia-se
então Alpearça.
Da Idade Média, século XIV, há documentação que situa
Alpiarça no termo de Santarém. A aldeia
da ponte de Alpiarça, no termo da vila de Santarém vai-se constituindo como
aglomerado populacional e no Numeramento de 1527 (D. João III) contava com 36 vizinhos na aldeia, a Tapada
da Lagoalva com 18 vizinhos, e da casa de Gonçalo Correia até à Lagoalva 28
vizinhos.
Neste contexto, vizinhos e moradores significam fogos
ou famílias e não indivíduos. Se fizermos uma média de 5 pessoas por fogo, a
aldeia de Alpiarça teria nesta época cerca
de 180 habitantes. Desta forma, no ano de 1527, Alpiarça e sua zona envolvente
teriam cerca de 400 habitantes.
Relativamente
à criação da freguesia, não encontrámos muita documentação, apesar de em 1747,
o padre Luiz Cardoso se referir a Alpiarça como freguesia.
Em
Fevereiro de 1906, ainda freguesia de Almeirim, Alpiarça é elevada à categoria
de Vila.
Em 2 de Abril de 1914, pela Lei n.º 129,
Alpiarça passa à categoria de Concelho.
O quadro
da Resistência e da luta pela democracia já foi traçado pelo Eng.º Raul Figueiredo, é um
passado que nos orgulha, muitos dos que estão nesta sala participaram
activamente nesse marco importante da nossa história.
É desta
conjunta que partimos para a compreensão da
nossa identidade, aquilo que nos torna únicos: nossa história, o nosso
património, as nossas origens, e o mais importante gostarmos da nossa terra.
De que forma poderemos fazê-lo preservando
os testemunhos tradicionais, onde os Homens de hoje podem revisitar as gerações
que os precederam. A nossa identidade deverá ser também
um dos pontos de partida para o desenvolvimento local, nomeadamente na
perspectiva do desenvolvimento turístico da região e a aposta, no nosso ponto
de vista, terá que passar por aquilo que nos identifica enquanto alpiarcenses:
- A Casa dos Patudos e a
sua colecção;
- A Cultura de Alpiarça –
a nossa Arqueologia;
- As nossas tradições e o
nosso património;
- A nossa História: o
orgulho num passado de luta pela democracia,
- Os produtos que nos
identificam: o melão e o vinho de Alpiarça.
Só assim poderemos transmitir as
nossas memórias às novas gerações, o sentido de herança recebida e ao mesmo
tempo afirmarmos-mos por aquilo que é único na nossa terra. Este é o caminho
que temos que continuar a percorrer.
*Licenciado em História e Arqueologia
pela Faculdade de Letras - Universidade de Coimbra.
Frequência da Licenciatura em História da Arte,
Faculdade de Letras - Universidade de Coimbra.
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