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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Alpiarça, enquadramento histórico e uma identidade própria


Nuno Prates *





Comunicação apresentada nas Jornadas Autárquicas (1)
O território de Alpiarça tem ocupação humana desde o Paleolítico Inferior, há mais de 100 mil anos, temos como exemplo os sítios arqueológicos do Vale do Forno.


Esta ocupação estende-se pelos períodos históricos seguintes com grande destaque para Bronze Final, que pelas práticas funerárias, associadas ao espólio desses povos deram um grande destaque à nossa arqueologia a Cultura de Alpiarça (recipientes cerâmicos de engobe acinzentado onde eram guardadas as cinzas dos mortos) é mundialmente conhecida.

Documentam esta importância os sítios arqueológicos do Alto do Castelo, Cabeço da Bruxa e as Necrópoles do Meijão e do Tanchoal.
Uma das primeiras referências escritas que se conhece do termo Alpiarça data de 1295, nas Inquirições do rei D. Dinis, escrevia-se então Alpearça.

Da Idade Média, século XIV, há documentação que situa Alpiarça no termo de Santarém. A aldeia da ponte de Alpiarça, no termo da vila de Santarém vai-se constituindo como aglomerado populacional e no Numeramento de 1527 (D. João III) contava com 36 vizinhos na aldeia, a Tapada da Lagoalva com 18 vizinhos, e da casa de Gonçalo Correia até à Lagoalva 28 vizinhos.
Neste contexto, vizinhos e moradores significam fogos ou famílias e não indivíduos. Se fizermos uma média de 5 pessoas por fogo, a aldeia de Alpiarça teria nesta época cerca de 180 habitantes. Desta forma, no ano de 1527, Alpiarça e sua zona envolvente teriam cerca de 400 habitantes.
Relativamente à criação da freguesia, não encontrámos muita documentação, apesar de em 1747, o padre Luiz Cardoso se referir a Alpiarça como freguesia.
Em Fevereiro de 1906, ainda freguesia de Almeirim, Alpiarça é elevada à categoria de Vila.
Em 2 de Abril de 1914, pela Lei n.º 129, Alpiarça passa à categoria de Concelho.


O quadro da Resistência e da luta pela democracia já foi traçado pelo Eng.º Raul Figueiredo, é um passado que nos orgulha, muitos dos que estão nesta sala participaram activamente nesse marco importante da nossa história.

É desta conjunta que partimos para a compreensão da nossa identidade, aquilo que nos torna únicos: nossa história, o nosso património, as nossas origens, e o mais importante gostarmos da nossa terra.

De que forma poderemos fazê-lo preservando os testemunhos tradicionais, onde os Homens de hoje podem revisitar as gerações que os precederam. A nossa identidade deverá ser também um dos pontos de partida para o desenvolvimento local, nomeadamente na perspectiva do desenvolvimento turístico da região e a aposta, no nosso ponto de vista, terá que passar por aquilo que nos identifica enquanto alpiarcenses:
- A Casa dos Patudos e a sua colecção;



- A Cultura de Alpiarça – a nossa Arqueologia;


- As nossas tradições e o nosso património;


- A nossa História: o orgulho num passado de luta pela democracia,



- Os produtos que nos identificam: o melão e o vinho de Alpiarça.
Só assim poderemos transmitir as nossas memórias às novas gerações, o sentido de herança recebida e ao mesmo tempo afirmarmos-mos por aquilo que é único na nossa terra. Este é o caminho que temos que continuar a percorrer.

*Licenciado em História e Arqueologia pela Faculdade de Letras - Universidade de Coimbra.
Frequência da Licenciatura em História da Arte, Faculdade de Letras - Universidade de Coimbra.
Estudos Pós Graduados em Museologia -  Universidade de Évora


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