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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Entrevista a Mário Fernando Pereira, Presidente da CM de Alpiarça (2ª parte)

Podes informar-nos para quando e onde será colocada a estátua de homenagem ao povo de Alpiarça?

Está previsto colocar a estátua no ponto central da nova Praça do Município, em frente à entrada principal do edifício dos Paços do Concelho, dignificando assim o povo trabalhador da nossa terra, mas também, pelo lugar escolhido, o poder local democrático, resultado da luta desse mesmo povo pela democracia no país e nesta terra.
Tal como referi numa resposta anterior, já lançámos o concurso para as obras e apresentámos a candidatura ao QREN do projecto de requalificação do espaço envolvente ao edifício dos Paços do Concelho. Para além da nova Praça e da colocação da estátua, contempla áreas de verde e arborização, um pequeno edifício de apoio e área de estacionamento, criando um novo espaço urbano de referência e uma nova centralidade no concelho.
Esperamos que a candidatura seja aprovada e possamos arrancar com as obras o mais rápido possível.


  Os problemas financeiros com que o Município de Alpiarça se defronta continuam a ser enormes. Em que medida esses problemas dificultam a acção do executivo municipal?

Continuam, de facto, a ser enormes. Assumimos a gestão da Câmara Municipal em finais de 2009 numa grave situação de endividamento e de desequilíbrio financeiro estrutural; logo de seguida, apanhámos com a crise – com o decréscimo da actividade económica e a consequente quebra das receitas próprias das autarquias – e com as medidas dos PEC e dos Orçamentos de Estado 2010, 2011 e 2012 que cortaram cerca de 800 milhões de euros às autarquias nas transferências do Estado, em ilegítimo incumprimento da Lei das Finanças Locais. Ao Município de Alpiarça coube um corte de quase meio milhão de euros desde 2010.
Só por via destas medidas penalizadoras da autonomia e da acção do Poder Local tomadas pelos Governos PS, primeiro, e PSD/CDS, agora, a grande maioria das autarquias do país está a defrontar-se com grandes dificuldades, no limite da asfixia financeira, pondo em causa o nível dos serviços prestados às populações. Como compreenderão todos os que fizerem uma análise honesta, esta realidade limita a acção de qualquer executivo municipal. Não é sério nem justo ignorá-la.
A nós, CDU, que em nada contribuímos para este estado de coisas, cabe-nos procurar as formas de gerir os órgãos autárquicos de Alpiarça, de forma a minorar os efeitos negativos desta situação, tentando encontrar soluções e oportunidades, de maneira a criar condições para o desenvolvimento da nossa terra.


É sabido que uma das primeiras decisões que tomaram, logo que ficou disponível a verba para o saneamento financeiro, foi pagarem aos fornecedores do concelho. Qual é hoje a situação?

Pagámos a todos os fornecedores, começando pelas empresas do concelho e da região, bem como a todas as entidades a quem o Município devia. Foi uma operação de saneamento financeiro que permitiu injectar uns milhões de euros na economia local e regional, fornecendo liquidez a empresas na maior parte dos casos em grandes dificuldades de sobrevivência e credibilizando o Município junto dos seus parceiros. Era a única possibilidade que tínhamos de o fazer, e foi o que foi feito por muitos municípios em situações idênticas antes e estão outros a tentar fazer agora, sobretudo municípios geridos pelo PS e PSD; mas a oposição PS em Alpiarça votou contra sem que, até hoje, tenha apresentado uma qualquer solução alternativa. Se excluirmos a hipótese de milagre, parece-me que sem o plano de saneamento a Câmara estaria completamente paralisada e os credores continuariam sem receber nada dos quase 6 milhões de euros que lhes era devido.
Neste momento, a Câmara de Alpiarça está a pagar a 60 dias – abaixo dos 90 dias tidos como o prazo razoável de pagamento.


Qual é a situação actual da Câmara Municipal: deve mais ou menos que em 2009?

Neste momento a autarquia deve menos … que em 2009. Logo no início de 2010, antecipando a aprovação do plano de saneamento, tivemos de adoptar medidas de contenção de despesa, cortando a sério em alguns dos gastos que menos põem em causa a prestação de serviços essenciais à população. Fizemo-lo em consciência, porque a situação, tal como estava, ao nível da despesa, era insustentável e colocava o Município de Alpiarça numa situação de incumprimento, de ultrapassagem dos limites de endividamento definidos por lei; o incumprimento verificado em 2008 levou a uma penalização imposta pela DGAL de 30.000 euros e, se não invertêssemos a situação, estaríamos a sofrer novos cortes e penalizações.
Fomos obrigados a cortar em fornecimentos e prestações de serviços não essenciais, nas despesas extraordinárias com pessoal, entre outras; o plano de saneamento também nos permitiu poupar milhares de euros em juros cobrados pelas empresas credoras; neste momento estamos, em articulação com a EDP, a implementar um plano de poupança nas despesas com a iluminação pública, eliminando o excesso de concentração de pontos de luz nas ruas do concelho; cortámos, e muito, por exemplo, nas despesas com espectáculos nas realizações da autarquia, continuando a oferecer diversão e cultura de qualidade à nossa população. Costumo dizer que é muito fácil ter os artistas e os espectáculos mais caros em Alpiarça: basta contratá-los, não custa nada; mas julgo que todos os alpiarcenses compreendem que se pagarmos 30, 40 ou 50.000 euros por um espectáculo, esse dinheiro fará muita falta noutro lado e, logo, ou não se realizam outras intervenções em prejuízo do interesse da população ou se fica a dever, para alguém pagar no futuro.
Não queremos na CDU repetir erros de gestão que outros cometeram antes de nós, com graves repercussões na actual situação financeira da Câmara, daí toda a ênfase numa gestão cuidada e rigorosa.

CONTINUA

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